O PRIMEIRO PASSO

FAMOM EM RESGATE

FAMOM – Federação das Associações e Movimentos de Mimoso do Sul – ES, está em fase de resgate, por esse motivo pesquisou-se qual seria a comunidade mais organizada em termos de associação, e nesta sem dúvida, surgiu Palmeiras: Fica a 11 quilômetros da Sede – Mimoso do Sul.

Solicitou uma entrevista, a qual se concretizou no dia 14 de junho 2010, ás 19 horas. Abaixo descrevemos na integra:

FAMOM: Boa noite a todos os lideres dessa comunidade. Informamos que essa entrevista vai ser gravada, acreditamos que os senhores não vão ser contra. Pois bem, acabamos descobrindo que vocês por mais dificuldades que passaram não foram contaminadas pelo sistema que hoje vivemos e, presenciamos em outras Associações de bairros. Assim sendo qual é o sucesso, quando e como foi organizada a vida dos moradores dessa comunidade?
PRESIDENTE, José Claúdio, Boa noite, para responder essa pergunta passo a bola para o fundador dessa Entidade João Batista.

João Batista: Iniciamos em 1990, começamos a nos reunir depois dos Encontros dos Círculos Bíblicos, que foi a alavanca principal. São as Cartilhas que vem da diocese de Cachoeiro de Itapimerim, formam-se grupos de 12 pessoas, e esses grupos se reúne de dois em dois meses, no final de cada tema da cartilha, e, elas traziam informações: Fatos da vida, que o cristão deve se organizar a fim do bem comum. Foi esse o estopim, baseamos na palavra de Deus, no agir, pensar e o trabalho.

FAMOM: Os moradores daqui já tinham consciência dessa organização, exemplo na sua manutenção?

João Batista: Os mais novos se adequavam bem as propostas sobre diversos ângulos, mais o pessoal da terceira idade foi bastante difícil convencê-los que esse é o único caminho para fazer acontecer o bem comum para todos.

João Batista, o primeiro Presidente da Associação falava emocionado, mantendo a voz firme e sorridente e frisou mais uma vez:

João Batista: Acredito que aqui está dando certo, motivado pela caminhada que a Comunidade Eclesial de Base oferece no entrosamento, no diálogo, na harmonia e a partilha. Fiquei 9 anos, juntamente com os associados que sempre me apoiaram, no meu administrar foi uma fase voltada para conscientização.

FAMOM: Vocês são ajudados pela Prefeitura Municipal?

João Batista: Uma vez sim, outras não, sempre quando vamos solicitar melhorias para nossas estradas, pontes; a gente é atendida por que entramos em parceria. Exemplo: Ouvimos desculpas, “A Prefeitura no momento não dispõem de vigas, madeiras para construção da ponte que foi levada pela enchente. Então entramos com esses materiais, e a Prefeitura entra com trator. Quanto a estrada ela entra com o saibro e nos com a mão de obra .

FAMOM: Podemos afirmar que vocês têm 20 anos de história; percebemos que estamos numa sala com 11 computadores, onde acabo de ligar um deles, observo uma internet superior a de nossa cidade, Mimoso do Sul. Como isso aconteceu?

João Batista: Quem vai começar responder daqui para frente é José Cláudio, é com você Claúdio.

José Claúdio: Ouvia eu o programa “Voz do Brasil” que noticiava sobre inclusão digital do Governo Federal. No dia seguinte fui a Mimoso no Escritório da INCAPER, pedi informações detalhadas sobre o Ministério da Ciência e Tecnologia e ai foi só providenciarmos toda a nossa documentação, nossa história e enviar para esse Ministério. Foi ai que aconteceu passaram se anos e até esquecemos-nos disso. E foi assim que num belo dia a surpresa, a chegada dos computadores, antenas, e hoje estamos ligados ao mundo.

FAMOM: Podemos perceber também que sempre vocês participam de cursos em diversas áreas, como é isso?

José Claúdio; Para atualizarmos, na produção do café, aqui colhemos quase o dobro por hectare das lavouras dos outros distritos de Mimoso, que é de 25 sacas por hectare, a produtividade média dos associados é de 40. Temos ainda aproximadamente R$ 250.000,00 em maquinários: secadores, despolpador. Motivado pelo tipo do nosso café, vendemos esse produto por até 30% a mais do que o conilon.

FAMOM: Como é a reunião de vocês? Vocês fazem muita festa como nos vemos em Mimoso, programada e realizadas pelas associações de bairros com o dinheiro público?

José Claúdio: Nossa reunião mensal, ou extraordinária, quando ocorrida e bastante participativa. Quanto à festa, usamos nossa cultura local, um jantar, o boi pintadinho; jogo de futebol. Acreditamos que festa de associação e completamente diferente do que a festa da cidade. Fazemos nossos encontros festivos para participar, não para ver a festa. Também já observamos nas Associações dos bairros de Mimoso, o que eles querem é concorrer com a festa da cidade. Já pensou se enquadrássemos nesse negocio de fazer festa, íamos nos distrair e jamais conseguiríamos ter o que temos hoje. E têm mais, nossos jovens são moderados quanto ao usam a tomar cerveja, ou, outra qualquer bebida alcoólica, o uso do próprio cigarro, como em outros distritos. Talvez seja devido às palestras que fazemos com a comunidade, podemos também afirmar que no final da década de 90 tínhamos pessoas analfabetas, hoje você não encontra nenhum analfabeto em nosso meio.

FAMOM: E a sala de informática, como vocês procedem



Tínhamos solicitado ao Isaque, que ele próprio registrasse o encontro com a câmera de sua propriedade, pois a que levamos, por descuido estava descarregado a bateria. Foi ele que nos respondeu:

Isaque: Trabalhamos reunidos, cada qual em sua atividade. Tento passar o que aprendi; o curso de informática, a digitação e todos da comunidade têm acesso ao tele-centro para pesquisa e fazem seus Sites de relacionamentos.

FAMOM: Hoje, agora o que vocês pensam ou já está em caminho para o bem comum da comunidade?

Isaque; Está em andamento, e esperamos a qualquer minuto a confecção de fossas sépticas, mais de 40 famílias vão ser beneficiadas além da própria natureza, digo as águas dos córregos, nossas nascentes, esse processo de organização vai dar maior v ida ao córrego Belo Monte.

FAMOM: Sabemos perfeitamente que políticos gostam de aproveitar esse espaço para ganharem votos. Isso acontece aqui?

Cláudio: Que eles sejam bem vindos, sabemos receber a todos que nos visitam, cumprindo nosso papel de cidadão questionamos seus projetos para os movimentos populares e Associações. Mas nunca fomos partidários. Acreditamos que o modo do pensar do ser humano, além de amizade, é diferente. Que bom que seja assim, pois podemos criar divisões, e isso está fora do nosso regimento. Quem quiser até candidatar que o faça, nosso apoio deverá ser da mesma forma que o voto. Exigimos sim a nossa cidadania, fazemos sim, nossos deveres, entendemos que devemos explicar a democracia em toda a sua dimensão política. Percebemos que em época de eleição esses aparecem como atores. Os eleitores se apresentam como massa e, freqüentemente, como vítima da ação desses atores políticos; por isso temos a nossa metodologia de união trabalho. Se não soubermos separar o joio do trigo a vaca vai pro brejo.

FAMOM: Agradecemos, essa entrevista será para nos de grande valia. Obrigado